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O resgate do lúdico

Lúdico é aquilo que remete às brincadeiras e aos jogos criativos, que tem o divertimento acima de qualquer propósito.

Apesar de estarmos vivendo novos tempos, com tecnologias avançadas e um mundo virtual repleto de atrativos, nunca as crianças estiveram tão tristes e angustiadas, algo a ser pensado como muita seriedade.

A era da diversão digital também é a era do aumento absurdo dos transtornos emocionais. As redes sociais e a manipulação por trás das plataformas têm feito com que haja uma mudança de comportamento da humanidade, em especial das crianças e dos jovens.

O documentário “O dilema das redes” retrata de forma bastante realista a situação. Pessoas que trabalharam em altos cargos das principais redes dividem os seus depoimentos e fazem alertas importantes sobre o uso indevido das mesmas, que viciam e influenciam conforme os seus próprios interesses, visando principalmente o lucro. O resultado: crianças e jovens depressivos, escravos da ditatura da beleza, que não sabem lidar com perdas e frustrações, que são incitadas ao ódio através de jogos virtuais violentos, uma geração que não tolera ser contrariada.

Claro que, não podemos deixar de considerar o lado bom da tecnologia. Podemos nos conectar com o mundo, estudar, trabalhar, sem sair de nossas casas, além de vários outros benefícios. Mas, é preciso repensar a operação das plataformas e o tempo que nós e nossas crianças passamos diariamente hipnotizados pelo ambiente virtual sugerido pelas redes, que possuem milhares de dados sobre cada um de nós.

Paralelamente a isso, insisto na importância de capacitar o nosso “Eu”, que representa a nossa capacidade de escolha, o pensamento crítico, para que possamos exercer a arte da dúvida, que é o princípio da sabedoria na filosofia.

E, o resgate do lúdico é extremamente importante para o bem-estar físico e emocional de nossas crianças, especialmente por estimular o pensamento antidialético, que é o pensamento mais profundo, que capacita a ver por múltiplos ângulos, o pensamento multifocal.

Crianças são crianças em qualquer lugar, em qualquer distância. Mas, as crianças de hoje estão muito envolvidas com o ambiente virtual, com os smartphones. O vício neste dispositivo tem sido preocupação recorrente dos profissionais da área da saúde, especialmente da saúde mental.

Muitos pais adquirem brinquedos pedagógicos para os seus filhos nos primeiros anos de idade, mas acabam se rendendo à atração de permitirem os desenhos e joguinhos nos tablets e smartphones. Não raras vezes vemos crianças que somente se alimentam se tiverem com os aparelhos ligados.

Crianças precisam de limites, de proteção e de amor. Trabalhar o lúdico e as habilidades socioemocionais é fundamental para o crescimento de nossos pequenos, no sentido mais amplo do termo.

Vivi uma infância na qual era muito bom brincar de imitação, teatralizar contos de fadas, correr, e, se cair pedir um carinho, brincadeiras no parquinho, amarelinha, brincar de roda, pular corda, jogos de tabuleiro e muito mais. Mundo encantado, de magia, onde a preocupação era tão somente brincar até o fim do dia.

Precisamos regatar a criança que está em nós, para podermos estimular os nossos filhos também. Leia brincando, tente a contação de histórias com fantoches, invente passos de dança, fale sobre a infância que tiveram e mostrem para os seus filhos o encanto do lúdico, promovendo o seu regaste.


Bianca Rosenthal

Advogada e escritora

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