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Dançando com o vento

As minhas escritas têm muito de mim. Também tem da minha observância da sociedade, do ritmo frenético que vivemos nossas vidas, do encantamento que tenho pela natureza, da preocupação que tenho com a humanidade e com o equilíbrio emocional desde a mais tenra infância, do Direito como atuante e apaixonada pela profissão, em especial o Direito do Trabalho, da minha paixão pelas artes.

E por falar em arte, hoje é a vez da dança. Pensa em algo que me deixa feliz. Dançar!

Diz aquele conhecido ditado que temos que dançar conforme a música.

Aqui deixou transparecer meu lado poético: a vida pode de certa maneira ser comparada à dança. Às vezes é alegre, dramática, fúnebre, apaixonante, romântica... É um verdadeiro refrigério, um alento, dançar no ritmo do vento. Assim não causará danos. Cada passo eu vou contornando. As intempéries se dissipando. Até chegar a brisa suave, que me acalma e me deixa leve.

Que delícia poder dançar e com o corpo se expressar. Lindos movimentos cheios de sentimentos que encantam e arrancam suspiros da plateia.

Sim, cada movimento é um sentimento. Cada giro é uma emoção. Saltos leves e suaves, seguidos de aceleração. Tempo e contratempo. Tudo no devido lugar.

Os detalhes, a cabeça, os pés, as mãos, pura emoção. E os figurinos e adereços? Deixam a dança ainda mais encantadora.

Seguir o ritmo e sentir a música quer seja moderna, contemporânea, clássica, forte ou delicada.

Deixar a alma ser tocada com o ritmo que fizer bem. Depende do estado da alma e de preferência também.

Um dos meus escritores favoritos, Rubem Alves, fez uma bela comparação envolvendo a dança, quando disse:

“Há pessoas que nos fazem voar. A gente se encontra com elas e leva um bruta susto (...) elas nos surpreendem e nos descobrimos mais selvagens, mais bonitos, mais leves, com uma vontade incrível de subir até as alturas, saltando de penhascos. Outras, ao contrário, nos fazem pesados e graves. Pés fincados no chão, sem leveza, incapazes de passos de dança. Quanto mais a gente convive com elas mais pesados ficamos.”

Que possamos nos cercar de pessoas que nos inspiram e que façam brotar em nós a leveza e a capacidade de dançar, ainda que metaforicamente, que possam despertar o melhor que há em nós.

Dançar é mágico. Entre giros e rodopios, palmeado e sapateado, arrepios e calafrios, quando me entrego à dança, lembro a alegria da infância, mas também sou mais mulher. A dança tem esse poder.

Existem tantos estilos. Cada um tem o seu. Aqui faço uma homenagem especial às profissionais do flamenco e também às minhas amigas flamencas. Que dança maravilhosa é o flamenco!

Também não posso esquecer o tradicional samba brasileiro. Tem que ter muito gingado. O verdadeiro samba no pé é do Brasil, não tem para ninguém.

E a sutileza, fineza e delicadeza do ballet clássico são apaixonantes.

Enfim, independentemente do estilo, o bailarino tem o compromisso de dançar para encantar. Como é lindo bailar!

Termino aqui com uma frase de Victor Hugo:

“A dança expressa o que não se consegue dizer em palavras, mas que também não pode de forma alguma permanecer em silêncio”.

Bianca Rosenthal

Advogada e escritora

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